O futuro da Blockbuster voltou a ficar incerto depois que seus credores começaram a discutir se injetam mais dinheiro na rede americana de videolocadoras ou colocam os negócios à venda depois que ela sair da recuperação judicial, disseram pessoas a par da situação.

Quando a Blockbuster entrou em recuperação judicial, em setembro, a empresa já tinha aceitado transferir o controle para os credores. Mas depois de um fim de ano de vendas fracas e estimativas mais caras para o custo de sua reestruturação, a empresa agora quer dos credores entre US$ 200 milhões e US$ 250 milhões para serem usados depois que ela sair da concordata.

As discussões sobre a nova injeção de recursos apenas começaram e os dois lados ainda não determinaram um "número final" para a quantia buscada, disse uma das fontes.

Os credores são liderados pelo bilionário investidor Carl Icahn e o fundo de hedge Monarch Alternative Capital LP. Pessoas ouvidas pelo "The Wall Street Journal" disseram que a venda pode ser uma alternativa para injetar mais capital na deficitária Blockbuster, mas que os dois lados continuam focados no atual plano e nas necessidades de financiamento da empresa.

A rede também estuda fechar centenas de lojas, disseram as pessoas. No pior cenário, isso pode significar fechar pelo menos 1.000 das 5.000 lojas que a rede ainda tem. A Blockbuster já fechou cerca de 1.000 pontos nos últimos dois anos. Ainda não foi tomada nenhuma decisão final, disseram as fontes.

A Blockbuster não respondeu aos pedidos de entrevista. Icahn e o Monarch não responderam aos pedidos para comentar.

O prazo final para a Blockbuster apresentar aos credores seu plano de reestruturação e de negócios, e contratar um novo diretor-presidente considerado aceitável pelos credores, venceu na sexta-feira. Os dois lados estavam discutindo um novo prazo, disse uma das pessoas a par da questão.

A busca por um novo diretor-presidente, que se arrasta desde o fim do ano passado, não deve ser concluída até que a Blockbuster "resolva a estrutura de capital e acionária" da empresa, disse uma das fontes a par da situação.

Em meio à pressão das empresas de TV por assinatura, do site de filmes pelo correio e pela internet Netflix e de outros sites, a Blockbuster gerou lucro antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortização de menos de US$ 100 milhões, informaram as fontes. Em 2009, foram mais de US$ 150 milhões.

Os novos recursos e o fechamento das lojas serviriam como um colchão de liquidez da Blockbuster para o resto do ano, enquanto a rede tenta fazer a transição de uma operação predominantemente física para a distribuição pela internet.

A empresa planeja sair da concordata praticamente sem dívida, após eliminar US$ 900 milhões devidos a portadores de títulos de dívida, e quer mais capital para continuar seus esforços de reestruturação, disseram as fontes.

A Blockbuster está apostando na distribuição digital de filmes e em expandir o aluguel pelo correio e em quiosques, para concorrer melhor com a Netflix.

A Blockbuster já fechou acordo com vários parceiros para transmitir filmes para celulares e aparelhos de Blu-ray, entre outros.

Mesmo assim, a Blockbuster ainda está muito atrás do concorrente maior. A rede tinha 1,2 milhão de assinantes de seu serviço de DVDs pelo correio de janeiro a agosto, ante 1,5 milhão um ano antes.

A Netflix tinha 16,9 milhões de assinantes no mesmo período, ante 11,1 milhões um no antes.

A necessidade de capital na Blockbuster cria mais um obstáculo para um plano de reestruturação montado há apenas alguns meses.

Icahn apoia a injeção de até US$ 250 milhões na Blockbuster, disseram as pessoas a par da situação. O Monarch também é favorável a investir mais na rede, disseram elas.

Mas outros fundos de hedge que portam os títulos seniores, ou com prioridade de recebimento, da empresa estão mais relutantes em colocar grandes montantes no Blockbuster, disseram as pessoas.

Em meio às negociações, os credores sugeriram até colocar a Blockbuster à venda, disseram as fontes. Nesse cenário, um dos credores, como Icahn e Monarch, pode apresentar uma oferta inicial num leilão no tribunal de falências. Num informe às autoridades do mercado em novembro, a Blockbuster alertou que não tem certeza se os credores vão aceitar seu plano de reestruturação, o que forçaria uma venda da empresa.

A Blockbuster pode, segundo as fontes, valer cerca de US$ 400 milhões num leilão, de acordo com a cotação de seus títulos seniores e o valor do estoque e dos imóveis.

Fonte: Valor Online

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